quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mestre Severo - Crixás/GOIÁS

Mestre Severo é uma das pessoas que leva adiante a tradição da Folia do Divino Espírito Santo. Após a morte prematura de Seu Quin(grande incentivador da cultura popular de Crixás), coube a Mestre Severo assumir o comando do grupo de Folia de Crixás, apoiado pela juventude da Comunidade, como a Dayanne Honorato, Nel Maciel (filho de S. Quin), a Francielle e o meu amigo Tuxaua Jean Marconi. 

Tradicionalmente, o grupo se apresenta em junho, época em que acontece a bicentenária Festa do Divino Espírito Santo, a qual inicia com as folias e encerra com a missa em louvor ao Divino Espírito Santo onde também há na porta da Igreja, após a missa, a Festa do Doce que é uma gentileza do Imperador da Folia.  

A dinâmica da festa é a mesma que se vê em outras festividades Brasil afora. Com a bandeira do Divino sempre em mãos, os foliões vão de casa em casa da região, levando a tradição e as bênçãos àqueles moradores que aceitam, de bom grado, receber os ilustres visitantes. Regada a muita música entoada por cantadores e violeiros, as visitas vão se desenrolando de forma respeitosa e alegre, além é claro das comidinhas, bolos e doces típicos servidos pelos gentis anfitriões. Além disso, há a arrecadação de esmolas e também o costume dos devotos de fazerem e cumprirem promessas.

A Catira (dança) da Folia de Crixás é feita sempre com as palmas e sapateados ritmados. Homens, mulheres e crianças participam do grupo de Catira, o que garante a continuidade da tradição popular. E Mestre Severo tá aí para assegurar a manutenção da tradição, guiando os mais jovens pelo rico e diverso caminho da cultura popular.

Para saber mais, acesse:


Veja vídeos em :

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mestra D. Maria do Rosário - Belém (Pará)


D. Maria do Rosário cultiva há mais de três décadas a arte de fazer e servir aos moradores de Belém/PA a iguaria tipicamente da cultura amazônida : o tacacá. Todas as tardes, depois da chuva, ela, seus filhos e seus fiéis colaboradores instalam cadeiras e trailler na calçada do Colégio Marista, na Av. Nazaré (próximo ao Tribunal de Contas do Estado) e lá recebem os amantes da culinária paraense.

Da enciclopédia livre http://pt.wikipedia.org/ extraímos que o "tacacá tem origem nos indígenas paraenses e, segundo Câmara Cascudo, deriva de um tipo de sopa indígena denominada mani poi. Segundo ele, “Esse mani poí fez nascer os atuais tacacá, com caldo de peixe ou carne, alho, pimenta, sal, às vezes camarões secos.” É encontrado particularmente no ParáAcreAmazonasRondônia e Amapá. É preparado com um caldo fino de cor amarelada chamado tucupi, sobre o qual se coloca goma, camarão e jambu. Serve-se muito quente, temperado com sal e pimenta, em cuias. O tucupi e a tapioca (da qual se prepara a goma), são resultados da massa ralada da mandioca que, depois de prensada, resulta num líquido leitoso-amarelado. Após deixá-lo em repouso, a tapioca fica depositada no fundo do recipiente e o tucupi na sua parte superior." 

Como se vê, o tacacá é um alimento artesanal, que carrega a energia e ecoespiritualidade vinda dos povos da floresta (nossos agriculturores familiares, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, indígenas) que cultivam a mandioca em suas terras, objeto do desejo de latifundiários, mineradoras, do agronegócio, grandes pecuaristas, madereiros, empresas de cosméticos e, agora, as barragens, os verdadeiros destruidores da floresta e, por conseguinte, dos povos e da cultura amazônica. 

Que bom que D. Maria do Rosário existe, resiste. Da sua forma simples, ela ajuda, e muito, a perpetuar o modo de vida tradicional vivenciado na Floresta Amazônica, replicando na cidade, a cultura que vem das nossas comunidades rurais, utilizando com primor os produtos da (agri)cultura familiar. E tudo com um toque de mestre!!!

Mestre S. Manoel - Reserva Extrativista do Rio Cajari (Amapá)


Mestre Manoel é pescador artesanal, extrativista(extrai da floresta os frutos, os cheiros e sabores necessários apenas à sua alimentação/sustento seu e de sua família). Vive à beira do Rio Ajuruxi, na Foz do  Rio Amazonas, no município de Mazagão, no sul do Amapá. Sobrevive na região cujo os índices de desenvolvimento são os mais baixos de todo o Estado, reflexos, por certo, da péssima qualidade d@s polític@s da região. 

Sua comunidade, denominada Santo Antonio do Ajuruxi, fica localizada na Reserva Extrativista do Rio Cajari - RESEX-CA, e possui menos de dez casas. Porém, é lá que está localizada a sede da Associação dos Moradores Agroextrativistas do Rio Cajari - AMAEX-CA, onde desenvolvemos várias atividades de incentivo à leitura com os filhos do Mestre Manoel(como a nossa Agente de Leitura da BArca das Letras Cristiane) e de outros moradores.
NossaCasa é preservação da Amazônia Transporte escolar das crianças, adolescentes e jovens amazônidas

A Reserva Extrativista do Rio Cajari (RESEX - CA) é uma unidade de conservação da natureza (UCN) federal, tendo sido criada pelo Governo Federal em 1990 numa área de 481.650 hectares no estado do Amapá, abrangendo três municípios (Laranjal do Jari, Mazagão e Vitória do Jari). São dezenas de pequenas comunidades que vivem abandonadas pelo Poder Público nas suas mais básicas necessidades, como: educação de qualidade; saúde (atendimento médico de rotina e remédios); energia elétrica 24 horas (disponível apenas por 3 hs por noite); telefone público; internet; banheiro igual o da cidade ou seco; lazer e cultura. Por lá, o grau de escolarização é muito baixo, uma vez que o ensino é de qualidade duvidosa e não é regular e sim modular (uma disciplina é dada em 52 dias, ministrada por professores que vão da sede dos municípios ou da capital, Macapá).

NossaCasa é parceria
NossaCasa é Chico MendesA RESEX-CA está sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes - ICMBio/Ministério do Meio Ambiente e de um Conselho Gestor formado por integrantes da sociedade civil em geral. Apesar do esforço dos poucos servidores do ICMBio, as demandas não conseguem ser atendidas em sua integralidade, o que deixa as comunidades reféns das políticas assistencialistas dos Governos,
 como o Bolsa Família, tornando-se, assim, presas fáceis para @s polític@s oportunistas, que só aparecem por lá de dois em dois anos, época de eleições.
NossaCasa é Artes e LetrasNossaCasa é Rádio Comunitária, LIVRE!!!
Mas, apesar desse quadro social caótico, a alegria e amabilidade impera entre os que vivem na RESEX Cajari. Sempre somos recebidos com muito carinho por tod@s que lá vivem, como é o caso do Mestre Manoel, cuja a arte é sentar à mesa, tomar um cafezinho e contar muitas histórias vivenciadas por ele ao longo dos vários anos morando e pescando à margem do Rio Ajuruxi. 

Para saber mais :

- sobre a RESEX CAJARI acesse http://www.ibama.gov.br/resex/cajari/cajari.htm

- Também veja nossos vários vídeos com moradores das comunidades da RESEX-CAJARI gravados em 2008/2009 durante nossas rodas de leitura para instalação das bibliotecas rurais Arca das Letras (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e BArca das Letras (Movimento NossaCasa de Cultura e Cidadania) : 

- Outros textos na mídia: 


Mestre S. Martinho - Foz do Rio Macacoari (Amapá)






NossaCasa é místicaNossaCasa é como beber do próprio poço


NossaCasa é militânciaNossaCasa é cuidado com crianças e adolescentes,



NossaCasa é ponte temporária (elo)


Vídeos do Mestre Martinho:






Mestra D. Matilde - Reserva Extrativista do Rio Cajari (Amapá)


D. Matilde mora na Comunidade Santa Rita, município de Vitória do Jari no Amapá. A comunidade é ribeirinha, ou seja, só se chega navegando pelo lindo Rio Cajari, em plena Floresta Amazônica. É uma moradora antiga da Reserva Extrativista do Rio Cajari, que viu nascer. Ela fundou sua comunidade que foi crescendo, conforme seus filhos iam casando e construindo suas casas uma ao lado da outra.

Hoje, existem um pouco mais de dez casas na comunidade. Ainda não existe luz 24 horas, o que é muito comum pelas comunidades do Amapá, mas agora já há escola até a 4ª série para seus netos, o que já é um avanço, segundo ela, pois não teve oportunidade de estudar, no seu tempo de menina. 

Apesar de analfabeta, D. Matilde aceitou de pronto receber uma biblioteca comunitária BArca das Letras em sua comunidade (na sua casa) e, inclusive, participou da capacitação para agentes de leitura juntamente com seus netos, todos  interessados em adquirir mais conhecimento.

Por isso e por muito mais, D. Matilde, a matriarca da Comunidade, é uma mestra do mundo da leitura, da cultura tocada pelo próprio povo, que não espera cair do céu e faz a cultura ser sempre viva, ainda que em lugares isolados deste Brasilzãooo!!!

D. Matilde, uma sábia guerreira amazônidaJovens leitores da Reserva Extrativista do Rio Cajari

Mestra D. Cici Ardasse - Macapá (Amapá)

Mestra D. Odacina - Mazagão Velho (Amapá)


Dona Odacina, 93 anos, é cantadora de marabaixo e mantenedora da cultura afropopular da Comunidade de Mazagão Velho, no Amapá. Sempre participa das Festividades da Comunidade, mantendo a tradição herdada de seus pais e fortalecendo a Cultura Viva da comunidade.



Veja vídeos com Dona Odacina em http://www.youtube.com/watch?v=yiSjDuVYsfU

Apesar de cega, encanta a todos que a visitam em sua humilde casa. Sempre de alto astral, esbanja alegria, energia positiva e muitas histórias de antigamente. E sempre, entre uma história e outra, canta uns "ladrões" (versos) de Marabaixo.
 
Sempre que vou ao Mazagão Velho, faço de tudo para ir lá com D. Odacina e dar boas gargalhadas em seu pátio, ouvindo (e gravando) suas histórias, seus cantos, seus encantos. E de quebra, ainda tomo um açai na tigela com ela.
D. Odacina é linda, é memória viva!!! Viva a AfroCultura Viva!!!






Mestre Tio Jorge - Mazagão Velho (Amapá)



Assista vídeos com Mestre Tio Jorge em ação cultural viva:

Mestre Zé Casquilo - Caponga (Ceará)


Este é o Mestre Zé Casquilo, 31 anos de pesca no mar da Caponga, comunidade localizada no Município de Cascavel no Ceará.. É rico em histórias do mar, que emocionam àqueles que têm paciência de sentar e ouvi-lo contar. É um livro vivo, um cuidador da natureza e mantenedor da cultura popular e do modo tradicional de vida. Também merece todo nosso respeito, atenção e reconhecimento.

Mestra Verônica dos Tambores - Mazagão Velho (Amapá)




Verônica dos Tambores é uma mulher de raça e muita vibração positiva. Faz cultura viva, a todo momento. Tá no sangue, na cor, na alma. Exala a cultura afroamapaense e brasileira. Num simples bate-papo no meio da rua,  num encontro ao acaso, Verônica, mestra das músicas com Tambores, nos enche de conhecimento, esperança e espiritualidade. 

É uma mantenedora da cultura afropopular do Marabaixo, seja em Mazagão(sua comunidade de origem, onde sempre participa das Festividades Religiosas tradicionais), em Macapá (onde reside atualmente e trabalha) e no Brasil(fazendo shows). Certa vez, durante uma manifestação pela valorização da Educação no Amapá, perguntei se a cultura e o Marabaixo têm o poder de transformar a educação, e ela de pronto me respondeu: 

“A cultura é o ponto fundamental. Quando você tem arte, quando você tem tradição, quando você não tem vergonha de mostrar o que é teu, faz efeito. Agora quando você tem vergonha de ser você e apresentar o que é de você, você se esconde e não faz efeito. Agora, eu, Verônica dos Tambores, eu tenho torcido muito, pela postura que eu tenho, pela indignação que eu tenho, pela forma que meu pai me deu de me educar e educar meu povo. Só a coragem, só a força, só a energia, só a determinação pode chegar no ponto fundamental. E o Marabaixo é a resistência não do negro, mas de um povo que veio para salvar a humanidade.”

Nada mais a dizer, só posso pedir gentilmente que os tambores sempre rufem para o cantar forte da resistente Mestra Verônica dos Tambores, afinal, como bem diz em seus versos e ladrões de Marabaixo (frases que se repetem durante toda a canção):

Os tambores...
Os tambores fazem parte da minha vida
Os tambores a minha missão
Os tambores falam da poesia
Os tambores...


Viva Mestra Verônica dos Tambores. Vivaaaaa!!!


Vídeos com Mestra Verônica dos Tambores:







Mestra D. Barriga - Mazagão Velho (Amapá)


Parteira de mão cheia. Por suas mãos abençoadas nasceram muitas crianças da Comunidade de Mazagão Velho, município de Mazagão no Amapá.  Profundamente religiosa, cultiva a arte de orar para seus santinhos, cuidadosamente arrumados em seu santuário, logo na entrada de sua humilde casa de madeira.

Continua mantendo viva a tradição das festividades afrodescendentes de sua comunidade. Participa, apesar de cega, dos festejos, sempre abrindo sua casa para que os foliões passem com o Divino Espírito Santo e deixem rastros de espiritualidade e alegria, aos som de muito marabaixo, batuques e regados a gengibirra e caldo, oferecido por ela mesma e seus filhos.

Tod@s querem tomar a benção dessa Mestra guerreira, lúcida, de uma simplicidade que encanta e emociona!!! 

A sua benção, Mestra D. Barriga!!!

Mestra D. Joaquina Jacarandá - Mazagão Velho (Amapá)






Leia reportagem sobre a Festa do Divino Espírito Santo em Mazagão Velho:

Vídeos em :

Mestra D. Diná - Nossa Senhora de Nazaré (Piauí)

Mestre Sitônio - Campo Maior (Piauí)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mestre Domingos Viana - Comunidade Nossa Senhora de Nazaré (Piauí)

Mestre Raimundo Branquinho - Comunidade Boquinha (Piauí)


Mestre Sassuca - Macapá (Amapá)

Mestre Sassuca, exímio fazedor de Caixas de Marabaixo, ao centro. Sentada, sua esposa, D. Jinica , ladeados por mim e por seus filhos (Profa. Maria Raimunda, Do Carmo, Antonio Tunaca e Zé Maria). Gente que faz Cultura Viva em Macapá - AP

Mestra D. Coló - Ver-o-Peso (Belém/PA)


D. Coló é erveira no Ver-o-Peso. Adquiriu seus conhecimentos sobre as ervas da Amazônia de sua querida avó, que era parteira. E, como bem manda a tradição dos saberes populares, já está passando seus conhecimentos para seus filhos e netos, contribuindo assim para a manutenção da rica e diversa cultura popular brasileira.

Veja abaixo o vídeo que gravei com D. Coló, mestra das ervas medicinais, lá no Ver-o-Peso. Muito linda e mística a D. Coló. Não deixe de visitá-la em sua barraca de cheiros e remédios naturais, quando for a Belém.

Vale muito o prazer!!!

http://www.youtube.com/watch?v=HWFWr1baJ0Y

Mestre José Ferreira - Quilombo Mocambo - Ourém(Pará)

Mestre Faustino - Ourém (Pará)



"Nasci numa família pobre, mas me criei com amor e na amizade." é assim que Mestre Faustino faz questão de se apresentar. Nascido na Comunidade rural Pacuí-Claro, em Ourém/PA, foi criado trabalhando na pesca, na caça e com artesanato. Faz arte por toda parte, de tudo um pouco: de instrumentos musicais a telhado de casa, passando por tarrafas e malhadeiras para pescar, cestos para guardar e  vassoura para limpar. 

Mestre Faustino também é o Amo do Boi Bumbá  Pai do Campo e sempre coloca na rua seu Batalhão (formado por seus familiares e seguidores) levando a mensagem de preservação da natureza, que carrega naturalmente dentro de sí, refletida em seus cantos, que sempre encantam:

Meu batalhão saiu na rua mostrando a sua beleza
Ele veio pedir pro povo a preservação da natureza
Não derrube a mata triste que é isso que Deus não quer
Se derrubar a mata virgem vai secar nossos igarapés
Se secar nossos igarapés só Deus que pode nos valer
Não temos água para tomar banho principalmente para beber
A mata virgem que eu falo ontem eu passei por lá
Só vi o capim crescendo e o gado manso urrar.



Mestre Faustino baseia sua vida no amor e respeito à mãe natureza, mostrando, como poucos, uma sensibilidade ecológica à flor da pele. Sempre preocupado em transmitir esses valores às novas gerações, na esperança de educá-los para não destruir a natureza e nem matar os animais, sobretudo porque lá pelas bandas de Ourém, vê-se uma extração predatória e desordenada do seixo, atividade econômica que destrói as margens dos rios e igarapés, devasta a floresta, afugenta peixes e animais, contribuindo assim para o aumento da temperatura da Terra. Esses efeitos são sentidos na pele pelo próprio Mestre Faustino, que hoje tem dificuldade de pescar seu peixinho para tomar com açai e sente que o calor aumentou muito.   

Mestre Faustino é um pai dos campos naturais, dos rios e igarapés da cidade de Ourém.  Vida longa a Mestre Faustino. Viva Mestre Faustino!!!

Mestre Cardoso - Ourém (Pará)


José Ribamar Cardoso é o nome completo de Mestre Cardoso, amo do boi Ouro Fino, da cidade de Ourém (PA). Cardoso nasceu na Parnaíba, Piauí, em 4 de janeiro de 1933, filho de João Cândido Cardoso e Maria Francisca Cardoso. Aos dez anos começou a brincar em bois tradicionais da região, entre eles os de Martiliano, Chico Camilo, Antônio Leal e José Calebre. Com o parceiro e amigo de escola Geraldo Magela do Carmo, montou aos 14 anos o Boi Dominante. O ano era 1947.
Com 20 anos vai para Coroatá, no Maranhão, onde conhece sua esposa Raimunda Lima da Silva. Com ela teve 14 filhos, dos quais seis sobreviveram. Em 1954, com 21 anos, muda-se para Carutapera. Logo depois chega no Pará, morando em Viseu, Bragança e Capitão Poço, até vir para Ourém em 1993, onde está até hoje. E até hoje, como faz há quase seis décadas, Cardoso coloca o boi para brincar todos os anos.
Cardoso trabalhou como agricultor e vaqueiro nas diversas regiões onde morou. Em 2005 gravou o seu primeiro CD (Galo de Campina), pelo selo FGC Produções Independentes. Em 2006, ao lado do boi Flor-do-Campo, participou do primeiro volume da coleção de discos "Bois de Ourém" (produzido pelo mesmo selo). E em 2008, através do projeto Caravana da Imagem, foi o personagem central do documentário "O Lavrador de Toadas".

Veja os vários vídeos de Mestre Cardoso, editados por seu produtor cultural Arlindo Matos, em http://www.youtube.com/watch?v=lIkGoLYPZM0&feature=youtube_gdata  (retorno de Mestre Cardoso a Parnaiba, após 57 anos, levado pela nossa Trupe Cultura Viva, em novembro/2010).

Escute e baixe as músicas de Mestre Cardoso no blog do Fabio Cavalcante indicado acima.


Mestra Lidia Raposo - Terra Indígena Raposa Serra do Sol (Roraima)

http://www.youtube.com/watch?v=1X_IG4Coxe8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=J_hwN9az5QI

Mestre S. Raimundo - Comunidade São Pedro do Ajuruxi - Reserva Extrativista do Rio Cajari (Amapá)

Mestre Biló - Comunidade Tapereira - Reserva Extrativista do Rio Cajari (Amapá)

Quilombolas, ainda não reconhecidos, da Reserva Extrativista do Rio Cajari
S. Biló ao lado de sua esposa, ladeado por seu filho e irmão.
foto : Jonas Banhos
S. Biló vive na Comunidade Tapereira, município de Vitória do Jari, no sul do Estado do Amapá. Agricultor, extrativista, nascido e criado dentro da floresta Amazônica, num território hoje demarcado como Unidade de Conservação da Natureza, a Reserva Extrativista do Rio Cajari - RESEX-CA.

Só que nem sempre foi assim. Mestre Biló precisou, muitas vezes, endurecer para enfrentar os coronéis exploradores dos povos da floresta, quando mais novo. A área da hoje Resex-Cajari era empestada por latifundiários, que se diziam dono de terras que muitas vezes nem conheciam, cujos verdadeiros donos já viviam lá desde muito antes da chegada desses escravizadores, colonizadores tupiniquins, verdadeiros exploradores dos povos que lá viviam.

Essa gente se aproveitava do isolamento geográfico, do pouco ou nenhum estudo dos moradores, da inocência e da ausência completa do Estado e, assim,  abusavam dos direitos humanos mais básicos dos moradores daquelas comunidades. Além de explorar sua mão-de-obra, trocando castanha e borracha por mantimentos vendidos a peso de ouro, ainda queiram usufruir das mulheres dos moradores. Mas, com S. Biló foi diferente. Resistiu aguerridamente contra as investidas do Coronel Júlio e seus capatazes e nunca permitiu que qualquer um mexesse com a honra de sua digna esposa e de suas filhas.

Hoje, Mestre Biló, na faixa dos 70 anos, tem prazer em relembrar e contar essas histórias (e muitas outras) de luta àqueles poucos visitantes  que conseguem vencer o, ainda hoje,  isolamento geográfico da sua comunidade ribeirinha Tapereira.

S. Biló é um mestre em contar boas histórias!!! É um livro vivo, raro, do tempo que se chamava a "dama" para dançar com lenço ao som de clarinete, viola de taboca, mas sem os tambores do tempo de seu pai, possivelmente mais um descendente dos povos da mãe África.

Veja aí os vídeos com Mestre Biló e divirta-se:

http://www.youtube.com/watch?v=HVnBTuojpGE

http://www.youtube.com/watch?v=RfHw5i9XokU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=ns1SEYl1zJ8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=OehntlJb-o0&feature=related

Mestre Diquinho - Quilombo São Raimundo do Pirativa (Amapá)

Mestra D. Maria do Pirativa - Quilombo São Raimundo do Pirativa (Amapá)














Mestra D. Jitoca - Quilombo São Raimundo do Pirativa (Amapá)


Mestra D. Jitoca é a matriarca do Quilombo São Raimundo do Pirativa, locallizado às margens do Rio Pirativa, município de Santana, no Amapá. Pegando o barco a motor de seu neto Sidinei Picanço, líder da comunidade juntamente com sua mãe D. Maria do Pirativa, em apenas meia hora de uma bela viagem margeando o Rio Vila Nova, chega-se à comunidade.

D. Jitoca completou 103 anos de idade em outubro último, ganhando de presente uma grande festa de seus familiares. Ainda muito lúcida e forte, é ela que mantém viva a cultura tradicional herdada de seus antepassados de raiz africana, como as comemorações religiosas de Santo Antonio e São Raimundo do Pirativa, sempre regadas a muito marabaixo (dança afropopular tipicamente amapaense), batuque e a gengibirra(bebida típica feita com gengibre, abacaxi e cachaça).
Mestra D. Jitoca do Pirativa - 102 anos
Apesar de ter perdido a visão, D. Jitoca sempre lê o mundo ao seu redor e compartilha generosamente seus saberes com aqueles que visitam a Comunidade e com seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos etc. Detentora de várias histórias vivenciadas nesses longos anos de sua existência, D. Jitoca adora sentar no pátio de sua casa de madeira, à beira do Rio Pirativa, e, entre uma baforada e outra em seu cachimbo, contar vários causos e dar boas gargalhadas. E assim vai vivendo, com simplicidade, muita sabedoria e felicidade.

Acompanhe os vídeos da D. Jitoca no Canal Youtube NossaCasadeCultura: http://www.youtube.com/watch?v=vqWEND22uC0




Mestra D. Marciana - Comunidade do Maruanum (Amapá)

Dona Marciana faz cerâmica de barro em sua comunidade afrodescendente do Maruanum, zona rural de Macapá, Amapá. Aprendeu essa arte na beira do rio, com sua vózinha, que ia lhe passando os ensinamentos, entre uma cantoria e uma catada do barro próximo àquele pedacinho da floresta Amazônica. As músicas entoadas vieram passando de mãe para filho, com seus antepassados africanos, que eram escravos, e se chama marabaixo.

D. Marciana faz parte também do grupo de Marabaixo da Comunidade, formado por várias pessoas, inclusive seus filhos e netos. Ela é uma das cantadores do grupo,  deixando emocionados àqueles que têm oportunidade de presenciá-la em ação, soltando vários ladrões (versos de improviso) de marabaixo, com sua voz firme e postura forte. Pura energia positiva!!!

Hoje, D. Marciana continua fazendo sua  arte e, melhor, levando pelo Brasil afora expondo em feiras e  congressos em que é convidada,  um pedacinho da sua história, da história do Amapá, da Amazônia negra. Tudo para ajudar a manter viva sua cultura. Graças à leitura de mundo de D. Marciana, conseguimos levar uma biblioteca comunitária Arca das Letras para sua comunidade, para tentar ajudar na formação das novas gerações.
D. Marciana sendo entrevista na Rádia Megafônica NossaCasa pelo Palhaço Ribeirinho

Vídeos da D. Marciana: